quarta-feira, 26 de maio de 2010

Entrevista com Renata Santos e Cláudio Costa Val

Durante três dias, Renata Santos e Cláudio Costa Val ministraram, no Espaço das Artes, a oficina de mídia ''O ator e o Cinema''. Numa conversa, eles falaram sobre a oficina, formação de atores e sua relação com outras artes.
A OFICINA
''A oficina ''O ator e o cinema'' faz parte de um projeto intitulado Cine Aberto. São várias oficinas, workshops, palestras, exibição de filmes que acontecem em Belo Horizonte ao longo do ano. Esse ano o projeto foi desmembrado para outras localidades. O intuito da oficina é suprir a demanda de atores com formação voltada para o audiovisual. Apesar de a carga horária ser reduzida, estamos procurando passar um pouco dos mecanismos que regem o ator frente às câmeras. As linguagem de televisão, cinema e teatro são diferentes. Na oficina estamos tentando priorizar o cinema, o audiovisual mas dentro da perspectiva, da linguagem cinematográfica. Como o público é heterogêneo, são todos estudantes de Artes Cênicas eles já vem com uma base com a qual conseguimos dialogar bem. Eles conseguem compreender os mecanismos de interpretação e nós trabalhamos com a transposição, o deslocamento do palco para a tela, pra frente da câmera. Nesse deslocamento, a dimensão do trabalho muda bastante. O aspecto de enquadramento é bastante significativo para a trabalho audiovisual. Trabalhamos com conceitos como montagem, corte e movimento de câmera que precisam ser familiares pra o ator. O palco é a casa do ator por excelência, o cinema é o nosso objeto de estudo.''
DIDÁTICA DA OFICINA
''Primeiro demos aos alunos uma noção básica de cinema. Falamos sobre planos, concepções de cinema, fotografia, direção, montagem a interferência do plano na interpretação. Depois foram definidos temas para que os atores pudessem trabalhar na aula, gravar uma cena que depois seria comentada. É interessante porque tem um trabalho individual e ao mesmo tempo você aprende observando o outro. A turma comenta sobre o que está vendo na câmera. Todos tem abertura para ouvir e falar. A análise das cenas contribui para a criação de um processo de auto direção e de direção de atores.''
FORMAÇÃO DE ATORES
''Hoje temos formações bastante sólidas na área do teatro. Existem boas escolas de Artes Cênicas no Brasil e em Minas Gerais não seria diferente. Mas há uma lacuna grande na questão da formação do ator pro audiovisual, pro cinema porque não temos um mercado que permita uma capacitação mais sistemática do ator. A maioria dos atores se formam para a televisão e para o cinema na prática e o que possibilita uma formação mais completa são os workshops, cursos de menor duração que acontecem em festivais. ''
RELAÇÃO DO ATOR COM OUTRAS ARTES
''A gente divide as coisas para entender, mas na essência elas não são divididas, são únicas. O desejo do fazer artítico existe por si só, é a vontade de expressar alguma coisa usando a beleza, a sensibilização. Talvez, a gente precise resgatar a idéia de que não somos fragmentados. As linguagens são bastante interativas, uma coisa vai puxando a outra. As manifestações artísticas interessam mais pelo que as une do que pelo que as separa. Hoje, é comum que o artista transite por várias áreas das artes. Com a fragmentação fica difícil que as pessoas percebam que isso é experimentar. Nem as escolas de artes estão preparadas para isso. Temos vontade de no futuro criar uma escola plural de artes, onde o aluno possa ter contato com teatro música, artes plásticas e qualquer outro tipo de arte. Com isso, há percepção, integração. Sem isso, nos tornamos menos capazes de ver as belezas, ficamos mais pobres. ''

Nenhum comentário:

Postar um comentário